Doação no Brasil: 84% dos brasileiros doaram em 2022

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No último 24 de agosto foi lançada, em transmissão virtual, a Pesquisa Doação Brasil 2022, uma iniciativa coordenada pelo IDIS - Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. O estudo tem o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre as doações realizadas por indivíduos no Brasil, apresentando as práticas de pessoas comuns, e não doações feitas por empresas, institutos, fundações ou poder público. Estiveram presentes no evento Paula Fabiani, CEO do IDIS, Andréa Wolffenbüttel e Renata Bourroul, consultoras de pesquisa do IDIS, além de Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil, Hélio Gastaldi, Rafael Pisetta, pesquisadores da mesma instituição, entre outros especialistas do terceiro setor.


Entre os principais achados do estudo, que está em sua terceira edição, é destacado que em 2022, 84% dos brasileiros acima de 18 anos e com rendimento familiar superior a um salário mínimo fizeram ao menos um tipo de doação, seja de dinheiro, bens ou tempo, na forma de voluntariado. As doações individuais em dinheiro destinadas a ONGs e projetos socioambientais totalizaram R$12,8 bilhões, o equivalente a 0,13% do PIB daquele ano (R$9,9 tri). Em 2021, o total destinado a organizações e causas de interesse público pelas 324 empresas e 17 institutos participantes foi de R$4,1 bilhões. Em relação às causas, foi observado que cresceu o número de doações para a área da saúde e pessoas em situação de rua. A causa infantil liderou o ranking.


Para Marcos Calliari, CEO da Ipsos, a cultura de doação está associada aos indicadores de confiança econômica do país. Dados do Índice de Confiança do Consumidor de julho de 2023 apontaram uma tendência otimista, uma vez que o índice alcançou o patamar mais alto dos últimos 10 anos. Segundo o CEO, alguns fatores determinaram esse contexto, como a queda do dólar, altas na Bolsa, além da estimativa da redução da inflação e alta do PIB no primeiro semestre. “Em 2022, o momento era de sinais contraditórios, porque o PIB crescia razoavelmente, mas por outro lado a inflação seguia muito forte e o cenário político de uma eleição polarizada. A percepção das pessoas em relação à economia estava 26 pontos pior”, comentou.


Na visão de Renata Bourroul, um fator importante para o aumento das doações é a inovação das ferramentas de doação e maior facilidade operacional através do Pix, por exemplo. Por outro lado, a questão desafiadora é a percepção pública das ONGs, que caiu de 41% em 2020, para 31% em 2022. “Uma hipótese para essa piora na imagem está na crença de que uma repercussão negativa de uma parcela pequena das ONGs afetará a sua totalidade”, explicou. A consultora também acrescentou a importância de se investir em ferramentas de transparência e prestação de contas de forma ágil.